Em 23/02/2015:
"De todas as incertezas que eu tinha
Você era a única certeza de minha vida.
Ao seu lado, menina-mulher, eu acalmava minha alma,
Apaziguava meu ser e encontrava meu centro.
Mas, você foi embora...
Então, que certeza tenho agora?"
Um eu da alma... Pequenos textos, poesias, pensamentos autorais de arquitetura, cidade, outros... by Fabiano Vieira Dias
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
O poder
Em 23/02/2015:
Nestes dias marcados pela pouca alternância de poder na política, onde se almeja o poder pelo poder e as ideologias que orientavam os homens se desmancham frente a este mesmo poder, ponho sempre em reflexão uma frase que, vez ou outra, repito em conversas sobre política, revolução, sociedade, etc.: Nada mais reacionário do que um ex radical!
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015
Lágrimas hegelianas
Em 20/02/2015:
"Em Hegel, a dor é fonte da arte.
Ao mesmo tempo, a arte apazígua a alma,
Acalenta a dor e representa o homem.
O homem se vê na arte.
Sua dor desvanece em lágrimas de Hegel:
"Chorar já é ficar consolado"!
Purifica-se o físico da dor sobre a alma.
Externa-se a dor, pelas lágrimas, na arte.
As paixões são iguais a dor em Hegel: aliviam-se pelas lágrimas.
Mas, o Amor, perdura às lágrimas e não se acalenta nas lágrimas!
Paixões passam como a dor passa, mas o Amor é sempre domínio da eternidade..."
"Em Hegel, a dor é fonte da arte.
Ao mesmo tempo, a arte apazígua a alma,
Acalenta a dor e representa o homem.
O homem se vê na arte.
Sua dor desvanece em lágrimas de Hegel:
"Chorar já é ficar consolado"!
Purifica-se o físico da dor sobre a alma.
Externa-se a dor, pelas lágrimas, na arte.
As paixões são iguais a dor em Hegel: aliviam-se pelas lágrimas.
Mas, o Amor, perdura às lágrimas e não se acalenta nas lágrimas!
Paixões passam como a dor passa, mas o Amor é sempre domínio da eternidade..."
sábado, 14 de fevereiro de 2015
O arquiteto humanista, mas não o dono da história, segundo Umberto Eco.
Em 14/02/2015:
Para Umberto Eco, em seu livro "Estrutura ausente" (edição brasileira de 2007), o arquiteto é uma das últimas figuras do humanismo, por sua vocação interdisciplinar:
"(...) vê-se o arquiteto continuamente obrigado a ser algo diferente dele mesmo. Vê-se coagido a tornar-se sociólogo, político, antropólogo, semiólogo...(...) Obrigado a encontrar formas que enformem sistemas de exigências sobre as quais não tem poder, obrigado a articular uma linguagem, como a Arquitetura, que sempre deve dizer algo diferente de si mesma (o que não acontece com a língua verbal que, ao nível estético, pode falar sobre formas; nem com a pintura que, como pintura abstrata, pode pintar as suas leis; e muito menos com a música, que organiza sempre e unicamente relações sintáticas dentro do próprio sistema), o arquiteto está condenado, pela natureza do seu trabalho, a ser talvez a única e última figura de humanista da sociedade contemporânea: obrigado a pensar na totalidade justamente na medida em que se torna técnico setorial, especializado, interessado em operações específicas e não em declarações metafísicas" (ECO, 2007, p. 242-243).
Mas o autor alerta sobre o pretenso poder do arquiteto de mudar a história:
"Ora, ao contrário do sociólogo e do político - que trabalham para modificar o mundo, mas no âmbito de uma curva de tempo controlável - não cabe necessariamente ao arquiteto modificar sozinho o mundo; cumpre-lhe, porém, poder prever, para uma curva de tempo não controlável, o variar dos eventos em torno de sua obra" (ECO, 2007, p. 246). E conclui:
"No momento mesmo em que se busca, fora da Arquitetura, o código da Arquitetura, cumpre também ao arquiteto saber configurar suas formas significantes de modo que possam enfrentar outros códigos de leitura. Porque a situação histórica em que se apóia para individuar o código é mais passageira do que as formas significantes por ele introduzidas nesse código.O arquiteto deve, por conseguinte, receber orientações do sociólogo, do fisiólogo, do político, do antropólogo, mas também deve prever, ao dispor formas que correspondam às exigências desses estudiosos, a falência das suas hipóteses e a cota de erro nas suas investigações. Cumpre-lhe, em todo o caso, saber que sua tarefa é antecipar e acolher, não promover, os movimentos da história"(ECO, 2007, p. 247).
"No momento mesmo em que se busca, fora da Arquitetura, o código da Arquitetura, cumpre também ao arquiteto saber configurar suas formas significantes de modo que possam enfrentar outros códigos de leitura. Porque a situação histórica em que se apóia para individuar o código é mais passageira do que as formas significantes por ele introduzidas nesse código.O arquiteto deve, por conseguinte, receber orientações do sociólogo, do fisiólogo, do político, do antropólogo, mas também deve prever, ao dispor formas que correspondam às exigências desses estudiosos, a falência das suas hipóteses e a cota de erro nas suas investigações. Cumpre-lhe, em todo o caso, saber que sua tarefa é antecipar e acolher, não promover, os movimentos da história"(ECO, 2007, p. 247).
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
A alma tem que trabalhar
Em 13/02/2015:
Da mestra Tomie Ohtake, falecida no dia de ontem, sobre a relação da produção da arte com a velocidade dos computadores: "A alma também tem que trabalhar!". Ou seja, uma obra artística é um processo interno, da alma do artista e precisa de tempo para ser gestada. Não é um processo mecânico da velocidade da máquina; o tempo é domínio do artista e de sua criação.
Da mestra Tomie Ohtake, falecida no dia de ontem, sobre a relação da produção da arte com a velocidade dos computadores: "A alma também tem que trabalhar!". Ou seja, uma obra artística é um processo interno, da alma do artista e precisa de tempo para ser gestada. Não é um processo mecânico da velocidade da máquina; o tempo é domínio do artista e de sua criação.
Gravura de 2002 da artista Tomie Ohtake. Coleção particular. |
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Princípios da arquitetura
Em 10/02/2015:
Citaremos, minimamente, três princípios que se estendem à arquitetos e estudantes de arquitetura: a verdade, o compromisso e o respeito. São princípios éticos que se estendem também e além das fronteiras disciplinares da arquitetura.
1. A verdade:
A verdade na arquitetura vem da consciência de cada arquiteto. Premissa ética que rege as relações sociais, que no campo ou disciplina da arquitetura, expressa a relação do arquiteto com premissas básicas da própria arquitetura: o contexto, a história, os materiais utilizados, etc..
A verdade se torna o discurso técnico-teórico do arquiteto, visão de sua produção arquitetônica, e por corolário, de sua visão de cidade e mundo. É sua posição política, sua inserção na sociedade.
Não existe uma arquitetura de mentira, mas sim, sempre uma verdade por detrás de cada arquitetura!
2. O compromisso:
O compromisso se reflete na produção do arquiteto: Que arquitetura ele quer fazer? Para quê e para quem? Perguntas que definem o programa ético, político, social, econômico e profissional de cada arquiteto.
O compromisso está ligado à verdade na arquitetura pela presença da própria arquitetura ao longo do território urbano. A cidade é o espelho de vários tipos de compromissos; verdadeiros ou não, são no mínimo, amostras das consciências de seus criadores.
3. O respeito:
O respeito é o grau, em última instância, das verdades e compromissos de cada arquiteto com a arquitetura que este produz para a cidade. A forma como ele atua sobre o solo da cidade, com sua história e cultura define o quão é respeitoso este arquiteto com o contexto que o rodeia.
Inhotin (2012) - Clique para ampliar. |
domingo, 8 de fevereiro de 2015
Projetar e planejar
Em 08/02/2015:
"Projetar em arquitetura e urbanismo é planejar. Não se projeta e planeja para se resolver problemas, mas, para se evitar problemas!"
"Projetar em arquitetura e urbanismo é planejar. Não se projeta e planeja para se resolver problemas, mas, para se evitar problemas!"
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Morrer uma vez
Em 06/02/2015:
"Não se morre somente pelo físico.
A alma, o espírito, também padece de sua morte.
Já diziam sábios, filósofos, religiosos e charlatões idem,
Que o corpo físico carece da alma.
A alma, estado etéreo e subjetivo do ser nos faz quem somos.
O corpo, esta casca, matéria estética envelhece no tempo; desgasta!
A alma culta, pelo contrário, cresce no tempo. A alma fútil,
Por sua vez, se perde no tempo.
Por fim, quem busca o tempo, para este, a Morte, Senhora do Tempo, desgasta o físico,
Mas não a alma".
"Não se morre somente pelo físico.
A alma, o espírito, também padece de sua morte.
Já diziam sábios, filósofos, religiosos e charlatões idem,
Que o corpo físico carece da alma.
A alma, estado etéreo e subjetivo do ser nos faz quem somos.
O corpo, esta casca, matéria estética envelhece no tempo; desgasta!
A alma culta, pelo contrário, cresce no tempo. A alma fútil,
Por sua vez, se perde no tempo.
Por fim, quem busca o tempo, para este, a Morte, Senhora do Tempo, desgasta o físico,
Mas não a alma".
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Música do filme de animação "O conto da princesa Kaguya", do estúdio Gibli
Em 29/01/2015:
O filme/animação é mais uma obra de arte do Studio Gibli, e a letra dessa música é triste e ao mesmo tempo esperançosa:
"A alegria que senti quando te toquei
foi muito profunda
e infiltrou-se
em cada canto desse corpo.
Mesmo se eu estiver muito longe
e não entenda mais nada
mesmo quando chegar o tempo dessa vida acabar
tudo o que há agora é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
O calor que você me deu
no fundo, lá no fundo
vem a mim agora, completo
de um tempo distante.
Firmemente no meu coração
as chamas da paixão iluminam
e suavemente acalmam minha dor.
Nas profundezas da minha tristeza
tudo agora
é esperança pelo futuro.
Eu lembrarei, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
Tudo o que há agora
é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
Tudo o que há agora
é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico".
(música - versão traduzida do japonês - que encerra o filme de animação "O conto da Princesa Kaguya" (Kaguya-hime no Monogatari), do Studio Gibli e que concorre ao Oscar 2015, em sua categoria).
O filme/animação é mais uma obra de arte do Studio Gibli, e a letra dessa música é triste e ao mesmo tempo esperançosa:
"A alegria que senti quando te toquei
foi muito profunda
e infiltrou-se
em cada canto desse corpo.
Mesmo se eu estiver muito longe
e não entenda mais nada
mesmo quando chegar o tempo dessa vida acabar
tudo o que há agora é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
O calor que você me deu
no fundo, lá no fundo
vem a mim agora, completo
de um tempo distante.
Firmemente no meu coração
as chamas da paixão iluminam
e suavemente acalmam minha dor.
Nas profundezas da minha tristeza
tudo agora
é esperança pelo futuro.
Eu lembrarei, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
Tudo o que há agora
é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico.
Tudo o que há agora
é tudo o que houve no passado.
Nós nos encontraremos novamente, tenho certeza
em algum lugar nostálgico".
(música - versão traduzida do japonês - que encerra o filme de animação "O conto da Princesa Kaguya" (Kaguya-hime no Monogatari), do Studio Gibli e que concorre ao Oscar 2015, em sua categoria).
Os três arquitetos
Em 29/01/2015:
Como diz o arquiteto e grande amigo Jorge Paiva, existem três tipos de arquitetos:
"- Primeiro, aquele que ama a arquitetura, mas, não é lá bom em projetar, ou não gosta mesmo. Prefere as discussões teóricas da profissão;
- O segundo é aquele que é o bom projetista, rápido e de pensamento lógico, mas, não ama a arquitetura. Arquitetura é sua profissão e só;
- E o terceiro, que une estes dois tipos, ama o que faz e tem o rigor da técnica do projetar".
O que transcrevi acima é uma interpretação livre da fala do amigo Jorge, em sua sabedoria. Mas espelha, em grande medida, a formação e os caminhos dos novos arquitetos que saem de nossas escolas de arquitetura. Alcançar ou ser o terceiro tipo de arquiteto, aquele que une a técnica com o que se ama é o salto qualitativo que nos falta.
O ensino por sua vez, é a obrigação, ou destino, para alguns, de quem sabe. Ensinar não é para aventureiros, ou para aqueles que se encaixam naquela rancorosa frase de "quem sabe faz e quem não sabe ensina!". Pelo contrário, cada vez mais percebo a necessidade do saber da profissão no ensino da arquitetura. De um lastro, de uma experiência vivida que vira ensino. Isto é, de certa forma, uma representação possível do terceiro tipo de arquiteto, que é, por fim, uma busca eterna em nossa formação.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2015
Ouvindo-a
Em 28/01/2015:
"Ouvindo o coração, eu ouço! E vejo.
A vejo deitada sobre meu peito, ouvindo-me.
Ouço sua respiração.
A vejo me olhando;
Fitando meus olhos e esperando-me.
Esperando-me ouvi-la"
"Ouvindo o coração, eu ouço! E vejo.
A vejo deitada sobre meu peito, ouvindo-me.
Ouço sua respiração.
A vejo me olhando;
Fitando meus olhos e esperando-me.
Esperando-me ouvi-la"
sábado, 24 de janeiro de 2015
Idades do saber
Em 24/01/2015:
Belíssima descrição das idades do saber de Roland Barthes, em seu texto "Aula":
"Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender: de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível" (BARTHES, Roland. Aula. Aula inaugural da cadeira de semiologia literária do Colégio de França, pronunciada dia 7 de janeiro de 1977. São Paulo: Cultrix, 2007).
Lapiseira Rotring 300 refletindo sobre o texto "Aula" de Roland Barthes |
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
Amor e ódio
Em 21/01/2015:
"Amor e ódio:
Amor e ódio são limiares da mesma coisa: a existência humana!
São opostos, mas, a fronteira entre ambos é uma linha tênue.
Misturam-se em vários momentos de insanidade.
Separados, são admnistráveis, quando possível.
Representam, por vezes, os opostos do Bem e do Mal.
São duas fontes de poder e energia que alimentam a alma.
A grande e árdua tarefa está em domar estas energias, para que a alma não seja consumida".
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