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quinta-feira, 4 de março de 2021

O pensamento em Adorno

 Em 04/03/21:

Diz Adorno: "O pensamento aberto aponta para além da de si mesmo. Sendo ao seu modo uma conduta, uma configuração da práxis, ele é mais afim à práxis transformadora que um comportamento que simplesmente obedeça a práxis. Na verdade, o pensamento já é, antes de todo o conteúdo específico, a própria força da resistência, da qual só foi alienado com muito esforço. Tal conceito enfático de pensamento não está protegido, entretanto, nem das condições existentes, nem das metas a se alcançar, nem de qualquer batalhão. Aquilo que uma vez foi pensado pode ser suprimido, esquecido, dissipado. Mas não se pode negar que algo disso sobreviva. Pois o pensamento contém o momento do universal. O que quer que tenha sido pensado com acerto deverá ser pensado por outros em outro lugar: essa confiança acompanha até mesmo o mais solitário e impotente pensamento. Quem pensa não se enfurece nas críticas; o pensar já sublimou toda a fúria. Em porque aquele que pensa não quer fazer mal a si mesmo, tampouco quer fazer mal ao demais. A alegria que emana dos olhos de quem pensa é a alegria da própria humanidade. Por isso, a tendência universal à opressão investe contra o pensamento enquanto tal: ele é a felicidade mesmo ali onde define a infelicidade; pois a enuncia. Somente por seu intermédio a felicidade penetra o domínio da infelicidade universal. Quem não deseja que a felicidade o atrofie, não se resignou" (ADORNO, Theodor W. Indústria cultural. São Paulo: Editora Unesp, 2020. p.282).