segunda-feira, 7 de setembro de 2015

sábado, 11 de julho de 2015

Filhos que não são gente


Em 06/07/2015:

Carola e Snif são de Regiane
Filhos que não são gente!
Mais que cãezinhos,
Mais que companhia,
Mais que animais, 
São espelhos de nossa alma.
Inocente na origem
Que se desregra no tempo.

Carola se foi...

Snif faz estripulias,
Brinca com a meia de Regiane
E se acha o dono de nós.

De nós não é,
Mas de nossa alma
Já é dono há muito tempo. 

Carola e Snif.

quarta-feira, 24 de junho de 2015

A morte da cidade?



Em 20/06/2015: 

Em recente artigo publicado em A Gazeta, na seção Opinião de 17 de Junho do corrente ano, falou-se da “Morte da cidade”. Não, não... A cidade não está morta, e sim, viva e pulsante, e cheia de contradições. Engana-se o colega arquiteto ao declarar a morte do urbanismo pela preservação ou criação de áreas verdes, em detrimento do crescimento urbano. Ambas, nos dias atuais, são essenciais à vida urbana, ou urbanidade que tanto defende o colega.
Até a Idade Média, as cidades europeias que posteriormente nos originaram culturalmente e urbanisticamente, tinham a natureza como elemento estranho à vida urbana, misteriosa, espaço extramuros do temor e do sagrado. A descoberta do Novo Mundo das Américas traz um novo olhar sobre a natureza: do Jardim do Éden bíblico, para onde o homem, por direito, deveria retornar. Este retorno foi, primeiramente, pela conquista, seguido do domínio e, posteriormente, do controle e exploração. Nos dias atuais, esta sequência da preponderância do homem sobre a natureza alcançou níveis alarmantes de degradação do meio ambiente, fato exaustivamente debatido nas últimas décadas.
O arquiteto italiano Renzo Piano, em seu livro Renzo Piano: sustainable architectures = arquitecturas sostenibles, de 1998,  defende que a cidade é, na verdade, uma segunda natureza, própria do homem, mas indissociável da primeira e originária. A cidade como segunda natureza só é possível se ela for uma interpretação da primeira, segundo o autor. Preservar o ambiente não atrapalha a urbanidade. A natureza completa a cidade e sua arquitetura; dá sentido a existência de ambas, já que a natureza foi sua origem, historicamente.
O que mata a cidade são planos diretores urbanos que não entendem as peculiaridades de cada região, de cada cidade e seus lugares. Que transformam a cidade em um mapa plano, objeto sem fisicalidade, passível de ter zoneamentos copiados de um plano a outro, de forma indiscriminada e irresponsável. A natureza, ou o meio ambiente natural e humano-construído está além dos planos diretores. É parte de nossa história urbana, de nossa origem como humanos e deve ser preservada para que possamos chamar nosso lar de cidade.   

Vista, em um dia nublado, da Grande Vitória, a partir do mirante do bairro Conquista (2005)



sexta-feira, 19 de junho de 2015

Reencontro (poema para Regiane)

Em 17/06/2015:

Reencontrei você!
Onde você estava?
Mesmo longe, mas não distante,
Sabia de você.
Outros me falavam e eu ouvia.
E sabia!
Sabia que estavas lá, mesmo eu aqui.
Seu mundo fazia parte do meu
Fez no início e faz agora.
Distante não estavas.
Somente estavas lá e eu aqui.
A distância não é longe perto de ti.
Te reencontrei e me reencontrei, ao mesmo tempo.
Estava longe de meu centro, mas reencontrei!


sábado, 13 de junho de 2015

sábado, 6 de junho de 2015

Tardes de Outono

Em 06/06/2015:

"Sempre gostei do Outono.
Nasci em Abril,
Latitude 21 graus, 19 minutos, 10 segundos. Sul. Na madrugada.
Meus primevos meses, foram outonais!

Dias ensolarados,
Às vezes nublados,
Às vezes chuvosos,
Às vezes frios...Prenúncio do inverno...

Mas lembro e sempre lembro
Das tardes amenas,
Do Sol inclinado e céu iluminado,
Uma luz diferente
Opaca, às vezes...
Que atenuava o dia e o deixava misterioso.

Período de renites,
mas a genética não é perfeita.
Tem que ser atenuada,
Igual às tardes de Outono".


Eu!

domingo, 31 de maio de 2015

As três escalas do lugar, em arquitetura

1. A escala do objeto arquitetônico e suas relações intrínsecas formais, funcionais e estruturais e com a escala e proporções humanas;



2. A escala local ou do entorno na relação do objeto arquitetônico  e suas particularidades com os condicionantes locais e as normas edilícias urbanas;




3. A escala do urbano ou do contexto, onde a relação do objeto arquitetônico escapa de suas particularidades e se inter-relaciona com o meio que o circunda, seja ele físico (geográfico, natural, ambiental, construído, etc.) ou simbólico-significativo (a história local, sua arquitetura, suas relações sociais, econômicas e políticas, anseios e necessidades, símbolos e signos da cultura local, a paisagem, a memória, etc.). Escala da cidade.



Essas escalas são referenciais para o projeto arquitetônico. São graduações para se entender o lugar e o objeto arquitetônico a ser construído que, ao ser inserido nessas escalas graduais, deixa de ser um mero objeto e se torna parte de um todo, o qual chamaremos de cidade.

(OBS.: texto revisado em 21/01/2016)  

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Janelas d`alma

 Em 17/05/2015:

"Cada lugar traz um desenho
 Cada arquitetura descreve um desenho
 Cada arquiteto, interpreta, em desenho.

 O lugar é um desenho revelado
 Sensível e olhado
 De olhos que absorvem o mundo.

 Riscam o lugar sobre o mundo
 Criam outros mundos por mãos travessas
 Que lutam contra a passividade e a indolência.

 Toleram as diferenças que transformam em desenho.
 O desenho é ato em silêncio mas não é mudo.
 Conversa sobre o mundo, dialoga com o lugar.

 No lugar, desenha-se uma janela...
 O lugar, desenha-se por uma janela...
 Desenha-se a alma, para o lugar".


domingo, 3 de maio de 2015

Outro e outros

Em 03/05/2015:
"Nós não temos culpa de nada, dizemos.
A culpa, sempre são dos outros!
O outro é o diferente,
O estranho, o adverso,
O errado, o culpado.
Os outros não existem
Somente  como  princípio de nossos problemas.
Quero culpar o outro
Mas o outro não cria meu problema.
Assumir a culpa é difícil para alguns.
Dói na carne...
Para outros é desonra.
Mas corajoso é quem faz o mea culpa e não volta e comete o mesmo erro.
Nascemos sob o batizo da culpa que orienta nossa vida.
Culpados por algo que não entendemos em sua totalidade.
Égide dos pecados,
Mas que não nos livra de errar novamente e diferente.
Égide que me protege
Mas não protege o outro
Estranho e alheio aos pecados de outro outro...
Se o outro sou eu,
Porquê então, culpo outros por ser eu assim?
Vergonha não é assumir o erro,
Mas, desonrar-se sob o manto da mediocridade,
Da pequenez do caráter
E esconder o erro por culpar o outro.
O outro é sempre vítima?
Não e nem sempre.
Mas é mais fácil culpar o outro
Do que a si mesmo."   


sexta-feira, 1 de maio de 2015

As curvas de Oscar

Em 28/04/2015:

"Oscar tem nas curvas sua geometria.
A curva se sobrepõe à reta!
A reta é geográfica: no mundo esférico,
Nada é reto!
A reta é curva no fim do mundo...

Do mestre aprende-se que o entorno é cultural,
Escapa do olhar e está na imaginação e sensibilidade.

A imaginação não é uma linha reta, por mais que eu tema em ser...
É fluída, variável e até inconstante.
É misteriosa como um caminho tortuoso de curvas.
É uma curva!
Ou várias curvas...

É o Oscar que teve mais de 100 anos acompanhado de curvas.

Os olhos passeiam pelas linhas sinuosas,
Sensuais...
Eróticas...
Humanas...
Do homem.
De alguém que esteve aqui e deixou sua marca,
Seu símbolo conversando com a natureza..."

Detalhe das curvas da fachada do Ed. Niemeyer, em Belo Horizonte. Ano de 2012.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

Professor, aluno e o ensino: o real versus o incógnito

Em 15/04/2015:

No dia de ontem (14/04), ouvi e participei de uma rápida conversa entre duas alunas minhas, do primeiro período do Curso de Arquitetura e Urbanismo, já no horário da saída. De modo muito esclarecido, a aluna argumentava com a colega que "quem faz o professor é o aluno/turma", ou seja, a resposta do professor e o modo dele conseguir passar, ensinar e fazer apreender o conteúdo, em grande medida, depende da qualidade do interesse da turma e seus alunos.

Nesses quase cinco anos em que estou lecionando como professor do ensino superior, percebo como turmas diferentes reagem ao mesmo conteúdo de forma também diferente. É uma constatação que não é somente minha, logicamente!

Nas reuniões semestrais ou mesmos nos treinamentos oferecidos pelas instituições de ensino, muito é cobrado do professor quanto à qualidade de seu ensino, mas pouco ou quase nada, é discutido sobre a qualidade ou interesse dos jovens que adentram o ensino superior. Esta discussão, quando muito, fica restrita aos corredores, entre professores e termina tão rapidamente como começou, já que o entendimento e compreensão desse fato, foge do escopo do professor e de seu conteúdo programático.

Eu sei quem sou, da onde vim e para onde desejo chegar. Mas todos os anos, cada leva de novos alunos são pura abstração e incógnita, que estes mesmos conteúdos não conseguem cobrir. Percebo que nesses mesmos quase cinco anos, que minhas turmas, já que dou aula para os primeiros períodos, e invariavelmente, abro o semestre dando sua primeira aula (daí, o tamanho de minha responsabilidade), são mais ou menos heterogêneas, e em alguns casos, até mais homogêneas, por sinal. Fato este que me obriga a ser rápido o suficiente para adaptar meu conteúdo a cada turma/disciplina.

Isto é um lado da questão. E eu só posso falar por mim. O outro, é o lado da imprevisibilidade que engloba a qualidade do alunado que senta nos bancos/pranchetas do ensino superior. A formalização dos conteúdos programáticos inclusos nos planos de ensino, não dá a medida exata da multiplicidade dos alunos de uma instituição de ensino superior. 

A formação pregressa desses alunos, sua situação familiar, social, econômica e política é uma incógnita quase eterna, que só vai se delineando ao longo dos anos. E isso só acontece se você tiver uma relação mais estreita com seu alunado, de forma à conhecer todos. O que, por fim, se torna quase que uma tarefa impossível. 

Neste meio tempo, os alunos vão se organizando em grupos, com maior ou menor afinidade (de todos os tipos e matizes), que se ajudam ou se repudiam (nos casos mais extremos); e alguns alunos, naturalmente, se tornam líderes para o bem e, até para o mal. Esta última, por sinal, é uma atitude que, para mim, soa muito estranha, já que fico imaginando o que passa pela cabeça de um aluno vir a uma faculdade para criar discórdia, enfrentar o professor, atrapalhar o andamento de uma aula, e, por conseguinte, de todo um semestre, pelo simples bel prazer de ser capaz de fazer isso?

Caráter é algo que não se ensina em uma faculdade. No máximo, se molda e se orienta para a vida profissional.

Os professores acabam tendo seu papel de referencial cobrado diariamente, sendo postos em cheque nas mais variadas situações. Mestres da vida e do ensino, por mais humanos e imperfeitos que sejam. Por fim, minha aluna do primeiro período tem razão: uma boa aula não depende somente do professor, mas também, e principalmente, do aluno, seu interesse e vontade de aprender e dialogar com o professor. Um boa aula se resume a isso: diálogo!

sexta-feira, 10 de abril de 2015